A cada 100
acidentes de trabalho, 90 poderiam ser evitados se fossem usados
equipamentos de segurança adequados, segundo dados da Sociedade
Nacional de Prevenção da Cegueira dos Estados Unidos. A
segurança ocular no ambiente de trabalho é foco de constante
preocupação no exterior. Nos Estados Unidos, são registrados
mais de dois mil afastamentos ao dia por conta de problemas de
visão. No Brasil, apesar de tímido, há um movimento por parte
dos médicos oftalmologistas em divulgar alertas que visam
reduzir o número de lesões.
E a informação é a
principal arma para prevenir acidentes que normalmente causam
limitações ou incapacidades, temporárias ou permanentes,
resultando em problemas para o trabalhador e também para o
empregador. "É grande o número de atendimentos a pacientes que
sofrem lesões durante o trabalho, principalmente traumas. Se
houvesse prevenção apenas 10% dos acidentes oculares realmente
ocorreriam.", diz Renato Neves, médico oftalmologista e diretor
do Hospital de Olhos Eye Care.
Os óculos de
proteção com lentes são o principal acessório de segurança para
os profissionais. O oftalmologista explica que os mais
utilizados são os com lentes de vidro temperado ou endurecidos,
com três milímetros de espessura ou lentes com vidros laminados
plásticos e coloridos. "Também podem ser feitos com a correção
óptica adequada."
As áreas com maior
incidência de acidentes oculares são: metalúrgica, mineração,
construção civil, mecânica, marcenaria, cerâmica, indústria
química e alimentícia, pescaria, odontologia, indústria têxtil,
transportes, salão de beleza e artes gráficas. No casos dos
funcionários da indústria automotiva ou da construção,
considerados os mais prejudicados, Neves diz que os problemas
poderiam ser evitados com mais facilidade porque o mercado
nacional já produz óculos de proteção para a maioria das
ocupações industriais. Segundo ele, até mesmo professores
deveriam usar óculos de proteção para privar os olhos da poeira
do giz e, inclusive, do excesso de luz fluorescente a que ficam
expostos.
"Cerca de 90% dos
casos poderiam ser evitados se as pessoas se acostumassem a
utilizar acessórios de segurança, como óculos especiais para a
função que exercem. Principalmente aquelas que estão sujeitas a
pó, faíscas, e ainda minúsculas partículas de metal, madeira ou
plástico".
Computador - Olhos
irritados ou vermelhos, cansaço visual, sensação de areia nos
olhos e visão embaçada são alguns dos problemas oculares gerados
pelo uso excessivo ou errado dos computadores. "Chega um momento
do dia em que a pessoa começa a sentir dificuldade para focar
objetos e certo desconforto na vista", explica. Para quem
trabalha em frente a uma tela o dia inteiro, o oftalmologista
recomenda estabelecer pausas de dez minutos a cada hora de
trabalho em frente ao computador, piscando várias vezes. O ideal
é sair da frente da tela e, de preferência, ir tomar um café em
outro local ou olhar para uma janela.
Neves também
aconselha não posicionar o computador diante de uma janela
porque o excesso de luz na direção dos olhos terá efeito
duplicado. É preciso trabalhar em um ambiente iluminado,
inclusive com lâmpadas incandescentes. O contraste com a luz
emitida pelo monitor em um local escuro faz muito mal à visão.
Outra dica é hidratar o corpo e, sempre que necessário, pingar
lágrimas artificiais para lubrificar o globo ocular. Caso a
pessoa sinta qualquer distúrbio na visão, o ideal é consultar um
especialista.
Prevenção - Na
avaliação de Neves, infelizmente a prevenção ainda é muito
precária porque a falta de compreensão e colaboração dos
trabalhadores em adotarem estes equipamentos é muito grande.
"Muitos reclamam que o equipamento atrapalha, incomoda, é feio,
dificulta para ver detalhes. Isso também demonstra uma
ignorância das conseqüências que a falta de segurança pode
acarretar para sua vida", comenta. Do outro lado há empregadores
que não adotam os equipamentos adequados por redução de custo ou
falta de informação. "Vale ressaltar que o custo com a segurança
é muito menor que a falta que o funcionário pode fazer no
trabalho".
Orientações - Mas
independente de problemas na visão causados pelo trabalho, o
fundamental é se prevenir. Pessoas que não usam óculos de grau
nem lentes de contato deve fazer check-up da visão a cada dois
anos, entre 20 e 35 anos. Já quem tem entre 35 e 45 anos deve
redobrar os cuidados, indo uma vez por ano ao oftalmologista.
Dos 35 aos 55 anos
é aconselhável medir a pressão ocular uma vez por ano,
prevenindo o aparecimento de glaucoma. Depois dos 55 anos, mesmo
quem enxerga bem - na medida do possível - deve consultar um
especialista anualmente, a fim de investigar sinais de glaucoma
e alterações relacionadas à idade, como catarata e degeneração
senil da mácula. "Portadores de diabetes, de fatores de risco
para glaucoma (histórico familiar ou afrodescendentes) ou ainda
quem tem sintomas como visão manchada, devem ir mais vezes ao
oftalmologista durante o ano", aconselha.
Saiba mais sobre as lesões oculares
O oftalmologista
Renato Neves, diretor do Hospital de Olhos Eye Care, explica
quais são as principais lesões oculares e o como proceder quando
elas ocorrem, confira:
Penetrantes -
quando há perfuração em qualquer estrutura do globo ocular ou
anexos, causados geralmente por objetos pontiagudos como facas,
madeira, prego, vidro, projétil, estilhaços entre outros.
Contusos - quando
há uma compressão no sentido antero-posterior, empurrando o
globo ocular contra as estruturas orbitárias, como acontece num
soco, bolada, batida de carro e objetos rombudos. Neste caso são
mais atingidas as estruturas internas do olho.
Fratura da órbita
- é causada por um forte impacto que aumenta muito a pressão
intra-orbitária, geralmente ocorre no assoalho da órbita ou da
parede lateral interna, onde a estrutura óssea é mais frágil. O
paciente geralmente apresenta diplopia (visão dupla), edema,
equimose periocular, enoftalmo e pode ter a face inferior
anestesiada.
Autora: Ellen
Fernandes - Jornal de Jundiaí -
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