Estimativa é que
no Brasil ocorram 1,3 milhão de acidentes todos os anos. No
mundo são 270 milhões de casos, com 2 milhões de mortes. Vítimas
serão lembradas em missa na Catedral de Brasília
Brasília, 23/04/2008 - Uma explosão
numa mina de Farmington, nos EUA, levou à morte 78 trabalhadores
no dia 28 de abril de 1969 e o ocorrido tornou-se símbolo da
luta contra acidentes de trabalho. Por isso, a data - que este
ano cai na próxima segunda-feira - foi instituída como o Dia
Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho. Para
destacar a importância do cumprimento das normas trabalhistas
para prevenção de acidentes, a Fundação Jorge Duprat de
Figueiredo (Fundacentro), órgão de pesquisa vinculado ao MTE,
vai realizar neste dia vários atos de alerta para trabalhadores
e empregadores. Em Brasília, uma missa será celebrada na
Catedral, às 12h15, com a participação de várias autoridades e
representantes da sociedade civil.
Segundo dados da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), que adotou a partir
de 2003 a data como Dia Mundial da Segurança e Saúde no
Trabalho, são 270 milhões de acidentes de trabalho em todo o
mundo, dois milhões deles com vítimas, e 160 milhões de novos
casos de doenças relacionadas ao trabalho ocorrendo anualmente
no planeta. No Brasil, são 1,3 milhão de casos tendo como
principal motivo o descumprimento de normas básicas de proteção
dos trabalhadores e pelas más condições nos ambientes e
processos de trabalho.
O estudo da OIT
revela ainda que três vidas são perdidas a cada minuto no mundo
e 6 mil mortes acontecem ao dia pelo mesmo motivo, número que
representa quase o dobro de vítimas de guerra. No Distrito
Federal, o número de acidentes de trabalhos registrados durante
os últimos 16 anos, abrangendo um número médio de 702.406
trabalhadores, é de em média 3.552 acidentes, sendo 2.697 de
acidentes típicos, 549 de acidentes de trajeto e 307 doenças
decorrentes do trabalho.
A OIT salienta que
segurança e a saúde no trabalho devem ser motivo de preocupação
para todos, sejam governos, empregadores ou trabalhadores.
Embora alguns setores industriais sejam, por natureza, mais
perigosos do que outros, alguns trabalhadores correm mais riscos
de sofrer acidentes de trabalho e padecer de doenças
profissionais que outros, devido a fatores sócio-econômicos que
favorecem sua submissão a condições degradantes de trabalho.
Ranking mundial - No estudo da OIT,
o Brasil ocupa o 4º lugar em relação ao número de mortes, com
2.503 óbitos, perdendo apenas para a China (14.924), Estados
Unidos (5.764) e Rússia (3.090). A evolução de casos de
acidentes no trabalho no Brasil mostra que na década de 70,
tínhamos uma média de 3.604 óbitos para 12.428.826
trabalhadores. Ná década seguinte, o número de trabalhadores
aumentou para 21.077.804 e junto aumentou também o número de
óbitos: 4.672. Já na década de 90, há uma considerável
diminuição, 3.925 óbitos para um total de 23.648.341
trabalhadores.
Dados dos
Ministérios do Trabalho e Emprego e Previdência Social de 2005
dão conta que as áreas com maior número de óbitos são a do
Transporte, Armazenagem e Comunicações, com sete óbitos entre
3.855 trabalhadores; a área da Indústria da Construção, com seis
óbitos entre 6.908 trabalhadores; e o Comércio e Veículos, com 5
óbitos entre 24.782 trabalhadores.
Alto custo - Acidentes no ambiente
de trabalho geram conseqüências e custos, ao empregador e ao
empregado, além das famílias e a sociedade. Para a empresa, os
custos envolvem salário dos quinze primeiros dias após o
acidente; transporte e assistência médica de urgência;
paralisação de setor, máquinas e equipamentos; comoção coletiva
ou do grupo de trabalho; interrupção da produção; prejuízos ao
conceito e à imagem da empresa; embargo ou interdição fiscal;
responsabilização civil e criminal; entre outras conseqüências.
Os trabalhadores que sobrevivem a esses infortúnios são também
atingidos por danos que se materializam em sofrimento físico e
mental; cirurgias e remédios; próteses e assistência médica;
fisioterapia e assistência psicológica; dependência de terceiros
para acompanhamento e locomoção; diminuição do poder aquisitivo;
desemprego; marginalização; depressão e traumas, entre diversas
outras conseqüências, muitas delas irreversíveis. |